2025-11-24 10:39:55.0

Pesquisador da UFSCar é premiado durante congresso internacional de Fisioterapia Esportiva

Estudos são voltados a comunicação e adaptação de protocolos de avaliação para surdoatletas

"Pesquisas com surdoatletas são fundamentais para promover acessibilidade, visibilidade e equidade dentro das ciências do esporte". Isso é o que relata Gustavo Viotto Gonçalves, fisioterapeuta e pós-doutorando do Departamento de Fisioterapia (DFisio) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). No último mês, o pesquisador foi premiado no XII Congresso Brasileiro e X Congresso Internacional de Fisioterapia Esportiva da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física (SONAFE), que aconteceu em Brasília (DF).

Os trabalhos premiados são fruto de dois estudos de doutorado e de doutorado sanduíche realizados por Gonçalves na UFSCar e na The Ohio State University (EUA). Foi a primeira tese de doutorado na área da Fisioterapia no Brasil voltada exclusivamente para o Desporto Surdo, e também o primeiro trabalho em nível internacional a traduzir e adaptar instrumentos de avaliação fisioterapêutica especificamente para surdoatletas. "As pesquisas da minha tese mostraram que a atuação fisioterapêutica no Desporto Surdo enfrenta desafios importantes, especialmente relacionados à comunicação e à ausência de protocolos adaptados às necessidades dos surdoatletas. Os estudos revelaram a carência de recursos e de profissionais no Brasil com fluência em Língua Brasileira de Sinais (Libras), mas também apontaram caminhos promissores, como o uso de tecnologias visuais e táteis e o fortalecimento da relação terapêutica, para tornar o atendimento mais acessível e eficaz", destacou o pesquisador.

O primeiro reconhecimento de Gonçalves foi na categoria "Inovação e Avanços na Fisioterapia Esportiva", com o trabalho "Tradução, Adaptação e Validação de Conteúdo de Testes de Desempenho Físico para as Línguas Brasileira e Americana de Sinais". A segunda premiação foi o 1º lugar no VIII Concurso de Monografias, Dissertações e Teses do Congresso, com sua tese de doutorado intitulada "Desporto surdo: avaliação fisioterapêutica e adaptação de testes de desempenho físico de membros superiores para surdoatletas", defendida em fevereiro de 2025 no Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia (PPGFt) da UFSCar, sob orientação da professora Paula Regina Mendes da Silva Serrão, docente do DFisio, coorientação de Natalia Duarte Pereira, também docente do DFisio, e supervisão no exterior de Matthew Paul Brancaleone, docente da instituição americana.

Além da relevância científica, o estudo de Gonçalves atualizou um modelo metodológico de tradução e adaptação de instrumentos da saúde para línguas de sinais, especificamente para testes físicos, abrindo caminho para futuras pesquisas e protocolos acessíveis em diferentes contextos da saúde e do esporte. "Essas versões sinalizadas mostraram excelente compreensão e aplicabilidade prática, confirmando que adaptações linguísticas e culturais são essenciais para garantir equidade nas avaliações fisioterapêuticas de surdoatletas", relata o pesquisador.

"Cada estudo que realizamos contribui para o desenvolvimento de práticas mais inclusivas, baseadas em evidências e adaptadas às reais demandas dos surdoatletas, valorizando suas potencialidades e garantindo que tenham acesso a avaliações e tratamentos mais justos e acessíveis", reforça Gustavo Gonçalves. Ele aponta que, apesar da longa trajetória e conquistas da Comunidade Surda no esporte, trata-se de uma população ainda pouco estudada, especialmente na Fisioterapia. No Brasil, inclusive, o grupo de pesquisa da UFSCar - o Laboratório de Pesquisa em Reumatologia e Reabilitação da Mão (LAPREM) - é o primeiro a se dedicar a investigar especificamente a fisioterapia no Desporto Surdo, o que reforça a importância de ampliar o conhecimento científico sobre essa área.

"Ver minha tese reconhecida como a melhor do país na área de Fisioterapia Esportiva foi uma confirmação de que o caminho que estamos trilhando, em direção a uma fisioterapia mais inclusiva e acessível, é realmente o certo! Mais do que um reconhecimento pessoal, encaro esses prêmios como um reconhecimento coletivo: de todos os profissionais e pesquisadores que acreditam na importância de incluir a população surda no esporte e na ciência. Essas conquistas são também por eles e para eles - os surdoatletas que confiam em nosso trabalho, compartilham suas experiências e nos inspiram diariamente a buscar uma ciência mais humana, justa e acessível. Esses prêmios reforçam o compromisso de seguir pesquisando e atuando para que a fisioterapia esportiva seja, de fato, uma ciência que valoriza a todos", conclui o pesquisador.

As pesquisas realizadas tiveram apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Programa Institucional de Internacionalização (CAPES-PrInt). Atualmente, Gustavo Gonçalves é bolsista de pós-doutorado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Faesp) no DFisio da UFSCar, dando continuidade às suas investigações no mesmo grupo de pesquisa, coordenado pela professora Paula Serrão, com foco em estudos sobre o Desporto Surdo.

Mais informações sobre o Congresso estão no site https://congressosonafe.com.br.

anexos:

Pesquisador Gustavo Gonçalves se seus prêmios no evento (Acervo pessoal)
Contato para esta matéria: Gisele Bicaletto  Telefone: (16) 33066595  
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Baseada no trabalho de www.comunicacao.ufscar.br
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