2023-10-23 06:30:42.0

Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFSCar é premiada em evento internacional

Estudos realizados apontam a importância da prevenção dos riscos psicossociais e da promoção da saúde mental no trabalho de Enfermagem

A pesquisadora Fernanda Maria de Miranda, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), foi premiada em evento internacional de grande alcance e qualidade na área da saúde do trabalhador - The 11th International Scientific Conference on Prevention of Work-related Musculoskeletal Disorders (PREMUS); 6th Work, Disability, Prevention and Integration (WDPI); and 11th Myofascial Pain Syndrome and Fibromyalgia Syndrome (MYOPAIN) -, realizado recentemente na Índia. 
A estudante apresentou resultados de duas pesquisas realizadas na área de saúde mental do trabalhador, sob orientação de Vivian Aline Mininel, docente do Departamento de Enfermagem (DEnf) da UFSCar, e coorientação de Vicki Kristman, da Lakehead University, no Canadá, e que contou com a participação da estudante de graduação da UFSCar Bruna Vasconcelos dos Santos.
De acordo com a organização do evento, o prêmio "Young research award WDPI 2023" foi concedido à doutoranda da UFSCar devido à "apresentação excepcional e às contribuições da pesquisa que demonstram um compromisso notável com o avanço no campo da saúde musculoesquelética e prevenção de incapacidades no trabalho". O primeiro artigo premiado refere-se a estudo que objetiva identificar as estratégias de promoção à saúde mental para trabalhadores de enfermagem hospitalar e foi fruto da Iniciação Científica de Bruna dos Santos, com bolsa Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O segundo resumo divulgou resultados do desenvolvimento de uma ação formativa online para promoção da saúde mental no trabalho na enfermagem hospitalar. Os resultados da revisão de literatura apoiaram a construção do programa, denominado Lidera-SMT, implementado no doutorado de Fernanda de Miranda, que tem financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
O objetivo principal da pesquisa é avaliar a viabilidade de uma intervenção formativa dirigida a enfermeiros-líderes hospitalares para a promoção da saúde mental no trabalho. De acordo com Mininel, os transtornos mentais e comportamentais vêm aumentando consideravelmente na população trabalhadora, ocupando a terceira causa de afastamentos do trabalho no Brasil. A pandemia de Covid-19 acentuou esse adoecimento, especialmente entre os trabalhadores de saúde, incluindo a enfermagem hospitalar. "Apesar da multicausalidade dos transtornos mentais e comportamentais, há evidências científicas que apontam sua relação com o trabalho (podem ser causados ou agravados por ele). Neste sentido, existe uma responsabilidade do empregador em implementar estratégias de proteção da saúde e segurança dos trabalhadores em uma perspectiva global, incluindo as questões de saúde mental. Ou seja: ainda que o trabalho não seja o fator causador do adoecimento, ele deve assumir a responsabilidade de proteger o trabalhador naquele ambiente (desejavelmente, deveria promover a saúde e bem-estar no trabalho)", destaca a orientadora do estudo.
Diante desse cenário, a professora relata que há um modelo de abordagem canadense, aplicado com sucesso em várias províncias do país, que considera a importância de estratégias coletivas implantadas pelas organizações para promoção da saúde e bem-estar dos trabalhadores, evitando que o foco seja individual, em cada profissional. "Abordagens que consideram apenas os fatores humanos são insuficientes e não têm sustentabilidade, pois o foco deve estar no coletivo e, para tanto, é necessário endereçar os aspectos organizacionais que afetam as coletividades", pondera.
A professora da UFSCar aponta que alguns fatores organizacionais, enumerados no modelo canadense, podem proteger ou agravar a saúde mental dos trabalhadores. "Com base nesses fatores, podemos identificar quais aspectos no ambiente de trabalho podem representar um risco à saúde dos trabalhadores e buscar intervenção sobre eles", reflete. Mininel exemplifica vários pontos que devem ser considerados pelas organizações, não só hospitalares, para garantir a saúde mental de seus trabalhadores. Um deles é o gerenciamento das cargas de trabalho, que é um dos fatores imprescindíveis para proteção da saúde dos trabalhadores. Isso significa que as tarefas e responsabilidades atribuídas ao trabalhador devem ser coerentes com o tempo disponível que ele tem para executá-las, caso contrário, isso será uma fonte de estresse importante". Além do tempo, a docente aponta a importância dos empregadores atentarem-se aos recursos que os profissionais têm disponíveis para realização das tarefas, as condições e as relações que estão associadas à determinada atividade.
Vivian Mininel coordena também o Grupo de Pesquisa sobre Gestão, Formação, Saúde e Trabalho (gfst.ufscar.br) da UFSCar e os estudos realizados, incluindo o de Fernanda de Miranda, apontam que a prevenção dos transtornos mentais e comportamentais implica um ambiente de trabalho saudável, com relações horizontalizadas, compartilhamento de decisões, demanda de trabalho coerente com tempo e recursos disponíveis. Esses fatores, inclusive, são considerados no Programa Lidera-SMT, implementado na pesquisa da doutoranda premiada.
O evento PREMUS, WDPI, & MYOPAIN 2023 contou com a participação de vários pesquisadores de diversos países e os trabalhos foram divididos em diferentes categorias. Para a Fernanda de Miranda, receber o prêmio foi um importante reconhecimento dos estudos realizados até o momento. "O prêmio reflete o trabalho e a potência do grupo de pesquisa Gestão, Formação, Saúde e Trabalho (GFST) da UFSCar", comemora.

anexos:

Certificado entregue à doutoranda da UFSCar (Foto: acervo pessoal)
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