Clipping

Texto na íntegra:

 Oito meses após o anúncio da criação de uma comissão de sindicância para analisar a denúncia de assédio registrada por Thais Santos Moya, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) ainda não concluiu a apuração.

Em dezembro, a socióloga afirmou no Facebook que seu ex-orientador tentou beijá-la à força mais de uma vez e o caso gerou uma comissão de apuração, concluída no início de março, e a sindicância, anunciada no mesmo mês.

Na época, a universidade informou que o grupo teria 60 dias, a partir da data de nomeação, para concluir seus trabalhos - prazo estipulado pela Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 -, mas o período foi estendido por reconduções.

De acordo com o Diário Oficial, a última delas aconteceu em 24 de setembro e, em 28 de outubro, a portaria nº 1.484 prorrogou por mais 30 dias, a partir de 30 de outubro, o prazo
para a conclusão dos trabalhos. Questionada, a universidade informou por meio de sua assessoria de imprensa que a sindicância está em fase de conclusão.

Espera
Thais contou que ela e a advogada foram informadas de que ainda há testemunhas para serem ouvidas, por isso a necessidade de ampliação do limite estipulado, e que acredita que a sindicância está sendo bem conduzida.

 "Tendo em vista que no próximo mês completará um ano de investigação, é inevitável que eu esteja emocionalmente exausta, pois é um processo muito difícil, com enfrentamentos e expectativas diversos. Eu quero, antes de tudo, que a sindicância seja bem conduzida, de modo idôneo, e eu acredito que isso está ocorrendo", afirmou.

Ela, contudo, apresentou uma ressalva sobre o modo como a reitoria tem orientado a investigação.

"Trata-se da sindicância estar investigando especificamente o caso de abuso sexual do meu ex-orientador, ou seja, todas as outras denúncias contra o corpo docente e a ex-coordenação do Programa de Pós-Graduação em Sociologia, as quais a primeira comissão de averiguação já apontou como contundentes e necessárias de sindicância, ainda estão paradas na reitoria. Isso é muito grave e prolonga as investigações desnecessariamente".

"O que impede a UFSCar abrir, de uma vez, todas as sindicâncias necessárias e apontadas pela primeira comissão?", questionou. "Eu não vejo impedimento algum. Pelo contrário, a universidade demonstraria à sociedade que não está tratando o caso com corporativismo", disse.

"A partir do momento que a reitoria decide fazer uma sindicância por vez para cada denúncia, ela assume a responsabilidade de que as investigações demorarão anos, o que é desrespeitoso não só comigo, mas com todos os meus colegas do programa de pós-graduação, que foram e continuam sendo perseguidos e retaliados pelos docentes. Esse caso é icônico e nacionalmente conhecido, tratá-lo com responsabilidade e rapidez é muito importante para que outros casos de assédio nas universidades sejam evitados e combatidos".
A assessoria da universidade informou que o reitor e o vice-reitor estavam representando a instituição em compromissos fora da cidade e que não foi possível localizá-los para que comentassem as observações de Thais.

 Entenda o caso
A socióloga raspou seus cabelos no fim do ano passado como forma de protesto contra o assédio que teria sofrido por parte de seu ex-orientador. Em um post no Facebook, ela mostrou as fotos de antes e depois do corte e escreveu um desabafo sobre a situação. A mensagem foi compartilhada milhares de vezes, contabilizou diversos comentários e foi registrada dias depois na ouvidoria da UFSCar, que começou a apurar o caso.

"Raspei meus cabelos porque eu fui, duas vezes, agarrada e beijada por meu professor e (ex) orientador sem o meu consentimento. Raspei a cabeça porque, como quase toda vítima de assédio, passei dois anos amedrontada e coagida pelas relações de poder que perpassam as consequências de denunciar o ocorrido", escreveu.

No texto, ela afirmou que, depois de não aceitar as iniciativas, teve de ouvir que precisava se acostumar com a situação.

Contou ainda que relatou o assédio em uma pesquisa da coordenação do programa de pós-graduação, mas as respostas do levantamento, que deveriam ser anônimas, foram divulgadas.

A postagem da aluna gerou diversos comentários. Em um deles, a Associação de Pós-Graduandos da UFSCar afirmou que se solidarizava e apoiava Thais. "As situações de assédio são mais comuns do que imaginamos na pós-graduação, é urgente nos mobilizarmos para que ninguém mais passe por situação semelhante", escreveu a APG.

Gênero:

Matéria

Classificação:

UFSCar

Sub-classificações:

Pós-Graduação UFSCar - campus São Carlos

Autor:

Da Redação

Pessoa citada/ entrevistada:

Thais Santos Moya

Palavras-chave:

Denúncia; Assédio; Abuso; Sexual; Aluna; Estudante; Estupro; USP;

URL:

http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2015/11/apuracao-de-suposto-assedio-segue-inconclusiva-apos-8-meses-na-ufscar.html

Apuração de suposto assédio segue inconclusiva após 8 meses na UFSCar

Prazo para a conclusão da investigação, antes de 2 meses, foi prorrogado. Socióloga diz que análise está sendo bem conduzida, mas pede agilidade.

G1 São Carlos-SP em 2015-11-18 00:00:00.01970-01-01 18:06:00.0

Texto na íntegra:	Oito meses após o anúncio da criação de uma comissão de sindicância para analisar a denúncia de assédio registrada por Thais Santos Moya, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) ainda não concluiu a apuração. Em dezembro, a socióloga afirmou no Facebook que seu ex-orientador tentou beijá-la à força mais de uma vez e o caso gerou uma comissão de apuração, concluída no início de março, e a sindicância, anunciada no mesmo mês. Na época, a universidade informou que o grupo teria 60 dias, a partir da data de nomeação, para concluir seus trabalhos - prazo estipulado pela Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 -, mas o período foi estendido por reconduções. De acordo com o Diário Oficial, a última delas aconteceu em 24 de setembro e, em 28 de outubro, a portaria nº 1.484 prorrogou por mais 30 dias, a partir de 30 de outubro, o prazo para a conclusão dos trabalhos. Questionada, a universidade informou por meio de sua assessoria de imprensa que a sindicância está em fase de conclusão. Espera Thais contou que ela e a advogada foram informadas de que ainda há testemunhas para serem ouvidas, por isso a necessidade de ampliação do limite estipulado, e que acredita que a sindicância está sendo bem conduzida. "Tendo em vista que no próximo mês completará um ano de investigação, é inevitável que eu esteja emocionalmente exausta, pois é um processo muito difícil, com enfrentamentos e expectativas diversos. Eu quero, antes de tudo, que a sindicância seja bem conduzida, de modo idôneo, e eu acredito que isso está ocorrendo", afirmou. Ela, contudo, apresentou uma ressalva sobre o modo como a reitoria tem orientado a investigação. "Trata-se da sindicância estar investigando especificamente o caso de abuso sexual do meu ex-orientador, ou seja, todas as outras denúncias contra o corpo docente e a ex-coordenação do Programa de Pós-Graduação em Sociologia, as quais a primeira comissão de averiguação já apontou como contundentes e necessárias de sindicância, ainda estão paradas na reitoria. Isso é muito grave e prolonga as investigações desnecessariamente". "O que impede a UFSCar abrir, de uma vez, todas as sindicâncias necessárias e apontadas pela primeira comissão?", questionou. "Eu não vejo impedimento algum. Pelo contrário, a universidade demonstraria à sociedade que não está tratando o caso com corporativismo", disse. "A partir do momento que a reitoria decide fazer uma sindicância por vez para cada denúncia, ela assume a responsabilidade de que as investigações demorarão anos, o que é desrespeitoso não só comigo, mas com todos os meus colegas do programa de pós-graduação, que foram e continuam sendo perseguidos e retaliados pelos docentes. Esse caso é icônico e nacionalmente conhecido, tratá-lo com responsabilidade e rapidez é muito importante para que outros casos de assédio nas universidades sejam evitados e combatidos". A assessoria da universidade informou que o reitor e o vice-reitor estavam representando a instituição em compromissos fora da cidade e que não foi possível localizá-los para que comentassem as observações de Thais. Entenda o caso A socióloga raspou seus cabelos no fim do ano passado como forma de protesto contra o assédio que teria sofrido por parte de seu ex-orientador. Em um post no Facebook, ela mostrou as fotos de antes e depois do corte e escreveu um desabafo sobre a situação. A mensagem foi compartilhada milhares de vezes, contabilizou diversos comentários e foi registrada dias depois na ouvidoria da UFSCar, que começou a apurar o caso. "Raspei meus cabelos porque eu fui, duas vezes, agarrada e beijada por meu professor e (ex) orientador sem o meu consentimento. Raspei a cabeça porque, como quase toda vítima de assédio, passei dois anos amedrontada e coagida pelas relações de poder que perpassam as consequências de denunciar o ocorrido", escreveu. No texto, ela afirmou que, depois de não aceitar as iniciativas, teve de ouvir que precisava se acostumar com a situação. Contou ainda que relatou o assédio em uma pesquisa da coordenação do programa de pós-graduação, mas as respostas do levantamento, que deveriam ser anônimas, foram divulgadas. A postagem da aluna gerou diversos comentários. Em um deles, a Associação de Pós-Graduandos da UFSCar afirmou que se solidarizava e apoiava Thais. "As situações de assédio são mais comuns do que imaginamos na pós-graduação, é urgente nos mobilizarmos para que ninguém mais passe por situação semelhante", escreveu a APG.
Gênero:	Matéria
Classificação:	UFSCar
Sub-classificações:	Pós-Graduação UFSCar - campus São Carlos
Autor:	Da Redação
Pessoa citada/ entrevistada:	Thais Santos Moya
Palavras-chave:	Denúncia; Assédio; Abuso; Sexual; Aluna; Estudante; Estupro; USP;
URL:	http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2015/11/apuracao-de-suposto-assedio-segue-inconclusiva-apos-8-meses-na-ufscar.html