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A ONG “Vamos Salvar a Represa Salto Grande” pediu a interdição total da represa homônima para banho, pesca e fluxo de embarcações numa reunião ocorrida na semana passada com dois promotores do Gaema (Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente). O Gaema já investiga o caso por intermédio de um inquérito civil desde o ano passado. Segundo o líder do grupo, Ricardo Paixão, o principal problema é a poluição que atinge o manancial, que tem 33 quilômetros de extensão e corta as cidades de Americana, Paulínia e Nova Odessa.

Foto: Elcio Alves/ AAN
Represa do Salto Grande corta três cidades da região metropolitana: estudo aponta riscos à saúde no local

“A represa de Salto Grande faz parte do Rio Atibaia e passa no nascedouro do rio Piracicaba. Eu pedi um estudo ao professor José Galizia Tundisi, especialista em recursos hídricos da USP e da UFScar, e ele classificou a qualidade da água da represa como uma ‘bomba relógio’, estando inclusive imprópria até para passeio de barco e jet-ski. O estudo apontou que a represa tem até dez vezes mais a quantidade de 20 microgramas de clorofila por litro de água, sendo assim, as pessoas que entrarem na água correm riscos de contrair hepatite, diarreia, viroses e outras doenças”, explicou.

Paixão disse que o problema é agravado pelo fato de 13 cidades da região jogarem parte de seus dejetos na represa, além do fato de poder haver contaminação por metais pesados nas camadas de lodo que se formaram nos fundos da represa. Essa contaminação pode ter ocorrido pelas indústrias petroquímicas do polo de Paulínia.

Para solucionar essa última questão, o ambientalista revelou que a CPFL Paulista vai fazer um trabalho chamado de batiometria, para retirar o lodo das águas, tarefa que deve começar até o fim do ano e que já foi acertada com a Promotoria.

Os promotores do Gaema, Ivan Carneiro Castranheiro e Rodrigo Sanches, afirmaram, no encontro, que vão analisar os pedidos — que incluem ainda reuniões com prefeitos da região, recuperação da mata ciliar e construção de uma estação de tratamento na calha da represa que, está orçada em R$ 167 milhões. 

O pedido feito pelo ambientalista Ricardo Paixão também será analisado pela Cetesb, que deverá ir até a represa colher amostras da água. O secretário de Meio Ambiente de Americana, Adriano Camargo, também anunciou no encontro que a Prefeitura irá vistoriar todos os imóveis que margeiam a represa para verificar vazamentos de esgotos e eventual poluição do manancial.

Debate

O pedido de interdição da represa pela ONG “Vamos Salvar a Represa Salto Grande” divide opiniões dos frequentadores.

Na tarde desta segunda-feira (21), cerca de 15 homens estavam pescando no local nas proximidades da ponte do nascedouro do Rio Piracicaba e um deles, identificado como Ricardo Caetano, de 28 anos, afirmou que não concorda com a possível interdição. “Aqui dá até tucanaré. Interditar? Veja aí e fotografem, as águas aqui estão limpas e cristalinas.”

Na página da ONG no Facebook as opiniões também divergem. O internauta Marcelo Masoca disse que a interdição pode atrapalhar a vida de quem vive no entorno da represa e vende peixes como fonte de subsistência. Sara Nishi discorda e diz que a represa vive cheia de esgoto, principalmente no trecho do DAE (Departamento de Água e Esgoto).

Obra que custa R$ 165 mi é a solução

A solução para o problema de degradação ambiental da represa Salto Grande pode custar R$ 165 milhões e já foi apresentado pelos ambientalistas aos promotores do Gaema.

De acordo com Ricardo Paixão, a poluição poderia ser evitada com a construção de uma Estação de Tratamento de Água e Esgoto diretamente na calha do rio, em vez da construção de uma estação própria.

“Isso já funciona em 50 rios do País, e com bons resultados”, disse Paixão. A proposta apresentada pelos ambientalistas teve o respaldo da empresa DT Engenharia, que argumentaram que por esse sistema de construção de ETA há um combate direto da poluição difusa (residências, animais, veículos, escoamento de águas pluviais). Há uma negociação com a Petrobras, que pode se tornar parceira da obra. (LS/AAN)

Gênero:

Matéria

Classificação:

UFSCar

Sub-classificações:

Citações Docentes ou Ex-docentes

Autor:

Lauro Sampaio

Pessoa citada/ entrevistada:

José Galizia Tundisi

Palavras-chave:

represa;Salto Grande;manancial;Americana;ONG;Gaema;poluição;recursos hídricos;DAE;

URL:

http://correio.rac.com.br/_conteudo/2015/09/capa/campinas_e_rmc/383356-ong-pede-interdicao-da-represa-de-salto-grande.html

ONG pede interdição da represa de Salto Grande

Entidade quer ajuda do MP para proibir pesca, banho e navegação do manancial em Americana

Correio Popular Campinas-SP em 2015-09-21 00:00:00.0