Clipping

A expansão urbana em Sorocaba aponta para uma tendência de conurbação da cidade com municípios vizinhos. Além de Votorantim, onde esse processo já se efetivou, há uma aproximação se formando com Araçoiaba da Serra, Itu e o distrito de George Oeterer, em Iperó. A Prefeitura acredita que essa conurbação ainda demora a ocorrer e que, no geral, é positiva. Especialistas analisam que o novo Plano Diretor de Sorocaba incentiva esse processo e que é preciso planejamento para garantir a qualidade de vida da população e a proteção dos recursos naturais.
 
Um dos pontos onde essa aproximação dos limites ocorre é entre Sorocaba e Itu. Em um dos extremos de Sorocaba, onde fica a Chácara Três Marias e entorno, o zoneamento foi modificado com o novo Plano Diretor, passando de zona residencial 1 para zona residencial 2, que permite maior adensamento, ou seja, lotes com áreas menores e maior concentração de residências. Do lado de Itu, notam-se bairros próximos como Portal do Éden e Vila Martins.
 
O vigilante Antonio João de Barros, 62 anos, mora próximo da divisa entre Sorocaba e Itu há 36 anos e viu aqueles bairros se expandirem e a infraestrutura melhorar nos últimos anos. "Antes passava ônibus a cada uma hora, hoje levam 15 minutos", exemplifica. Ele comenta que recentemente novos condomínios e loteamentos foram feitos tanto em Sorocaba quanto em Itu, e que moradores dos bairros de Itu também aproveitam para fazer compras no lado de Sorocaba.
 
No outro extremo de Sorocaba, zona oeste e noroeste, há aproximações de áreas urbanas como no Quintais do Imperador I e II com a cidade de Araçoiaba da Serra, principalmente o bairro de Araçoiabinha. Essa região teve seu zoneamento modificado na revisão do Plano Diretor, passando de zona de chácaras urbanas para zona residencial 2 e 3, permitindo maior ocupação.
 
Morando no bairro Quintais do Imperador II há dois anos, o operador de caixa Ricardo Venâncio de Siqueira, 61, conta que a região cresceu rapidamente. Ele comprou seu terreno de 1.000 m2 por R$ 20 mil e diz que hoje não se compra um igual por menos de R$ 200 mil. "Sorocaba está emendando com Araçoiaba", comenta. O comerciante Luiz Marcos Dias da Silva, 42, está no local há 25 anos e presenciou esse movimento. "Quando cheguei, tinha só uma casa na rua", lembra. Silva afirma que, principalmente nos últimos cinco anos, a melhoria da infraestrutura do local têm atraído mais moradores.
 
Acima dessa região, Sorocaba fica mais perto do distrito de Geoge Oeterer, de Iperó, e vice-versa. Nesta área, ao redor da Vila Bom Jesus, em Sorocaba, a tendência é atrair novos empreendimentos, como aponta o diretor regional do Sindicato da Habitação (Secovi), Flávio Amary. Ele comenta que há um desenvolvimento programado, com loteamentos de várias empresas. Sobre essa movimentação da cidade, Amary não acredita que sejam maléficos em si, pois seria um processo natural, ainda mais para o tamanho reduzido do território sorocabano.
 
O que pode ser problemático, para o diretor do Secovi, é empurrar o sorocabano para outras cidades, direcionando os empreendimentos para fora por conta das restrições de ocupação. "Vemos vários lançamentos em Salto de Pirapora e Araçoiaba da Serra, tanto para classe média alta quanto para classe econômica. Aí criam-se problemas de mobilidade. O grande desafio de hoje é levar o trabalho mais perto da moradia e vice-versa".
 
Amary aponta que seria necessário incentivar as pessoas a voltarem a morar na zona central, onde há infraestrutura, e também estimular a geração de empregos nas áreas periféricas da cidade. Para ele, as mudanças de zoneamento, com possibilidade de menores lotes, não resolvem o problema, pois em áreas como na zona oeste, próximo de Araçoiaba, ainda falta infraestrutura de saneamento básico para atender novas residências.
 
 
Prefeitura
 
 
Para a Secretaria de Mobilidade, Desenvolvimento Urbano e Obras (Semob), que coordenou a elaboração do novo Plano Diretor de Desenvolvimento Físico e Territorial de Sorocaba, não há prejuízos nesse processo. O arquiteto da Semob João Luís de Souza Arêas, que coordenou a elaboração do novo Plano Diretor, diz que a conurbação é vista de forma positiva pelo governo, na maioria das vezes, e que foi feito um mapeamento dos zoneamentos do entorno para evitar conflitos. Ainda assim, o arquiteto acredita que nas discussões da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) essas questões devem ser melhor planejadas regionalmente.
 
Sobre a infraestrutura para atender a esses novos moradores de áreas onde o Plano Diretor prevê um maior adensamento, e que são próximas de outros municípios, Arêas diz que primeiro é preciso que os locais sejam ocupados para detectar as demandas e providenciá-las. Quanto ao saneamento, o arquiteto relata que só são aprovados novos loteamentos onde haja estrutura.
 
Na região mais a oeste da cidade ainda não há essa capacidade. Arêas comenta que aos poucos ela vai chegar e que a Prefeitura está incentivando a ocupação aos poucos, o que começou com bairros como Wanel Ville, Jardim Montreal e Santa Bárbara. Com a mudança de zoneamento, a intenção é direcionar o crescimento para lá. "Há um trabalho de ajuste dos planos de água e esgoto para equacionar essa ocupação que virá num futuro próximo".
 
Quanto à proximidade de novas zonas residenciais de nascentes de rios e córregos e com a sub-bacia do Ipaneminha, rio que contribui para o abastecimento de água da cidade, o arquiteto acredita que essa expansão urbana não será prejudicial. Segundo Arêas, a restrição à ocupação com zoneamento de chácaras urbanas é necessária apenas até a represa de Ipaneminha, onde há captação de água. Dali para frente não seria preciso proteger os demais córregos com uma urbanização menos densa.

Especialistas alertam para danos social e ambiental

O direcionamento da expansão urbana para áreas periféricas da cidade, regiões também de mananciais, preocupa social e ambientalmente, por conta de uma possível segregação e falta de recursos hídricos. Para especialistas, há uma tendência de conurbação de Sorocaba com Itu, Araçoiaba da Serra e Iperó, e essa nova ocupação precisa ser bem planejada para evitar com que o município sofra com problemas de metrópoles como Campinas e São Paulo. 

Um dos problemas que o processo de expansão urbana em Sorocaba pode trazer é contribuir para a degradação dos mananciais e da área verde da cidade. O problema maior seria o local onde essa ocupação ocorre e para onde é direcionada, como aponta o professor da graduação em Engenharia Ambiental e do mestrado em Ciências Ambientais da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) câmpus Sorocaba, Roberto Wagner Lourenço. 

Um dos exemplos é a região oeste e noroeste da cidade, região próxima de Araçoiaba da Serra, do rio Ipaneminha e seus afluentes e córregos. Para o professor, a mudança de zoneamento de um uso mais restrito - zona de chácaras urbanas - para um uso mais aberto - zona residencial 2 e 3 - vai facilitar essa coburnação com a redução do tamanho dos lotes. "O novo Plano Diretor acaba incentivando a não preservação dessa área. O sistema hídrico do Ipaneminha já não é bom, então é preocupante". 

Outra área que já sofre impacto e pode ser ainda mais prejudicada é a que se aproxima de Itu, onde nasce o rio Pirajibu, onde o novo zoneamento também permite maior adensamento populacional. "Com uma estimativa do novo Plano Diretor em dobrar a população da cidade, é muito claro que você vai ocupar o pouco que resta das áreas que protegem os mananciais". O professor analisa que o objetivo arrecadador da Prefeitura acaba prevalecendo os objetivos de preservação. 

Lourenço pondera que nem sempre o processo de conurbação é negativo, se for bem planejado e oferecer infraestrutura adequada aos moradores. No entanto, não basta planejar apenas individualmente, mas regionalmente, pois é preciso que os municípios vizinhos também ofereçam infraestrutura a seus moradores. Um processo mal planejado pelos demais municípios também vai influenciar diretamente no desenvolvimento de Sorocaba. 

Direito à cidade

A qualidade de vida oferecida aos moradores desses locais e a toda a população da cidade também é uma preocupação da professora Rosalina Burgos, doutora em Geografia e docente da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) câmpus Sorocaba. A professora alerta para a tendência de segregação das classes econômicas mais baixas ao direcionar para as áreas periféricas as zonas onde são permitidos lotes menores. "A mancha urbana periféria jpa nasce como escombro porque existem faltas".

Essas faltas seriam relativas aos equipamentos que contemplam o direito à cidade, como infraestrutura básica de educação, saúde e mobilidade, mas também a segurança pública, lazer e cultura, como bibliotecas, teatro, espaços públicos e patrimônio histórico. Como exemplo real, Rosalina cita o Residencial Jardim Carandá, no bairro Caguaçu, que deve abrigar cerca de 10 mil pessoas de baixa renda. "Fico imaginando quanto tempo leva para passar um ônibus ali. Onde está a escola, a creche, o posto de saúde? Morar envolve muito mais do que uma unidade habitacional". 

De forma geral, a professora acrescenta que os números da expansão urbana e coburbação em Sorocaba podem também indicar tendências negativas, como congestionamentos e problemas de mobilidade, violência, falta de recursos hídricos e de energia elétrica e o acirramento das desigualdades. Rosalina argumenta que é preciso oferecer moradia também para quem tem menor poder aquisitivo, mas que seja com qualidade. Ela cita que a região Central possui vazios urbanos que poderiam ser ocupados, pois têm a infraestrutura necessária.

Na questão ambiental, ela analisa que é prejudicial incentivar o adensamento urbano tão próximo de áreas de mananciais, pois a ocupação humana interfere no sistema hídrico, como na produção de esgoto e lixo, a impermeabilização do solo que gera alagamentos e a poluição dos corpos d"água. A população também pode sofrer com erosões. A professora complementa que, no contexto capitalista, há interesses de ganhos e que o setor imobiliário é o que mais tensiona as prefeituras. "Existe uma burrice incorporada ao capitalismo que é pensar a curto prazo, que está levando a prejuízos que a sociedade toda paga".

Números de colunas:	5 Altura da coluna: 20,0 cm
Páginas:	1
Caderno:	Cidades
Texto na íntegra:	A expansão urbana em Sorocaba aponta para uma tendência de conurbação da cidade com municípios vizinhos. Além de Votorantim, onde esse processo já se efetivou, há uma aproximação se formando com Araçoiaba da Serra, Itu e o distrito de George Oeterer, em Iperó. A Prefeitura acredita que essa conurbação ainda demora a ocorrer e que, no geral, é positiva. Especialistas analisam que o novo Plano Diretor de Sorocaba incentiva esse processo e que é preciso planejamento para garantir a qualidade de vida da população e a proteção dos recursos naturais. Um dos pontos onde essa aproximação dos limites ocorre é entre Sorocaba e Itu. Em um dos extremos de Sorocaba, onde fica a Chácara Três Marias e entorno, o zoneamento foi modificado com o novo Plano Diretor, passando de zona residencial 1 para zona residencial 2, que permite maior adensamento, ou seja, lotes com áreas menores e maior concentração de residências. Do lado de Itu, notam-se bairros próximos como Portal do Éden e Vila Martins. O vigilante Antonio João de Barros, 62 anos, mora próximo da divisa entre Sorocaba e Itu há 36 anos e viu aqueles bairros se expandirem e a infraestrutura melhorar nos últimos anos. "Antes passava ônibus a cada uma hora, hoje levam 15 minutos", exemplifica. Ele comenta que recentemente novos condomínios e loteamentos foram feitos tanto em Sorocaba quanto em Itu, e que moradores dos bairros de Itu também aproveitam para fazer compras no lado de Sorocaba. No outro extremo de Sorocaba, zona oeste e noroeste, há aproximações de áreas urbanas como no Quintais do Imperador I e II com a cidade de Araçoiaba da Serra, principalmente o bairro de Araçoiabinha. Essa região teve seu zoneamento modificado na revisão do Plano Diretor, passando de zona de chácaras urbanas para zona residencial 2 e 3, permitindo maior ocupação. Morando no bairro Quintais do Imperador II há dois anos, o operador de caixa Ricardo Venâncio de Siqueira, 61, conta que a região cresceu rapidamente. Ele comprou seu terreno de 1.000 m2 por R$ 20 mil e diz que hoje não se compra um igual por menos de R$ 200 mil. "Sorocaba está emendando com Araçoiaba", comenta. O comerciante Luiz Marcos Dias da Silva, 42, está no local há 25 anos e presenciou esse movimento. "Quando cheguei, tinha só uma casa na rua", lembra. Silva afirma que, principalmente nos últimos cinco anos, a melhoria da infraestrutura do local têm atraído mais moradores. Acima dessa região, Sorocaba fica mais perto do distrito de Geoge Oeterer, de Iperó, e vice-versa. Nesta área, ao redor da Vila Bom Jesus, em Sorocaba, a tendência é atrair novos empreendimentos, como aponta o diretor regional do Sindicato da Habitação (Secovi), Flávio Amary. Ele comenta que há um desenvolvimento programado, com loteamentos de várias empresas. Sobre essa movimentação da cidade, Amary não acredita que sejam maléficos em si, pois seria um processo natural, ainda mais para o tamanho reduzido do território sorocabano. O que pode ser problemático, para o diretor do Secovi, é empurrar o sorocabano para outras cidades, direcionando os empreendimentos para fora por conta das restrições de ocupação. "Vemos vários lançamentos em Salto de Pirapora e Araçoiaba da Serra, tanto para classe média alta quanto para classe econômica. Aí criam-se problemas de mobilidade. O grande desafio de hoje é levar o trabalho mais perto da moradia e vice-versa". Amary aponta que seria necessário incentivar as pessoas a voltarem a morar na zona central, onde há infraestrutura, e também estimular a geração de empregos nas áreas periféricas da cidade. Para ele, as mudanças de zoneamento, com possibilidade de menores lotes, não resolvem o problema, pois em áreas como na zona oeste, próximo de Araçoiaba, ainda falta infraestrutura de saneamento básico para atender novas residências. Prefeitura Para a Secretaria de Mobilidade, Desenvolvimento Urbano e Obras (Semob), que coordenou a elaboração do novo Plano Diretor de Desenvolvimento Físico e Territorial de Sorocaba, não há prejuízos nesse processo. O arquiteto da Semob João Luís de Souza Arêas, que coordenou a elaboração do novo Plano Diretor, diz que a conurbação é vista de forma positiva pelo governo, na maioria das vezes, e que foi feito um mapeamento dos zoneamentos do entorno para evitar conflitos. Ainda assim, o arquiteto acredita que nas discussões da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) essas questões devem ser melhor planejadas regionalmente. Sobre a infraestrutura para atender a esses novos moradores de áreas onde o Plano Diretor prevê um maior adensamento, e que são próximas de outros municípios, Arêas diz que primeiro é preciso que os locais sejam ocupados para detectar as demandas e providenciá-las. Quanto ao saneamento, o arquiteto relata que só são aprovados novos loteamentos onde haja estrutura. Na região mais a oeste da cidade ainda não há essa capacidade. Arêas comenta que aos poucos ela vai chegar e que a Prefeitura está incentivando a ocupação aos poucos, o que começou com bairros como Wanel Ville, Jardim Montreal e Santa Bárbara. Com a mudança de zoneamento, a intenção é direcionar o crescimento para lá. "Há um trabalho de ajuste dos planos de água e esgoto para equacionar essa ocupação que virá num futuro próximo". Quanto à proximidade de novas zonas residenciais de nascentes de rios e córregos e com a sub-bacia do Ipaneminha, rio que contribui para o abastecimento de água da cidade, o arquiteto acredita que essa expansão urbana não será prejudicial. Segundo Arêas, a restrição à ocupação com zoneamento de chácaras urbanas é necessária apenas até a represa de Ipaneminha, onde há captação de água. Dali para frente não seria preciso proteger os demais córregos com uma urbanização menos densa. Especialistas alertam para danos social e ambiental O direcionamento da expansão urbana para áreas periféricas da cidade, regiões também de mananciais, preocupa social e ambientalmente, por conta de uma possível segregação e falta de recursos hídricos. Para especialistas, há uma tendência de conurbação de Sorocaba com Itu, Araçoiaba da Serra e Iperó, e essa nova ocupação precisa ser bem planejada para evitar com que o município sofra com problemas de metrópoles como Campinas e São Paulo. Um dos problemas que o processo de expansão urbana em Sorocaba pode trazer é contribuir para a degradação dos mananciais e da área verde da cidade. O problema maior seria o local onde essa ocupação ocorre e para onde é direcionada, como aponta o professor da graduação em Engenharia Ambiental e do mestrado em Ciências Ambientais da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) câmpus Sorocaba, Roberto Wagner Lourenço. Um dos exemplos é a região oeste e noroeste da cidade, região próxima de Araçoiaba da Serra, do rio Ipaneminha e seus afluentes e córregos. Para o professor, a mudança de zoneamento de um uso mais restrito - zona de chácaras urbanas - para um uso mais aberto - zona residencial 2 e 3 - vai facilitar essa coburnação com a redução do tamanho dos lotes. "O novo Plano Diretor acaba incentivando a não preservação dessa área. O sistema hídrico do Ipaneminha já não é bom, então é preocupante". Outra área que já sofre impacto e pode ser ainda mais prejudicada é a que se aproxima de Itu, onde nasce o rio Pirajibu, onde o novo zoneamento também permite maior adensamento populacional. "Com uma estimativa do novo Plano Diretor em dobrar a população da cidade, é muito claro que você vai ocupar o pouco que resta das áreas que protegem os mananciais". O professor analisa que o objetivo arrecadador da Prefeitura acaba prevalecendo os objetivos de preservação. Lourenço pondera que nem sempre o processo de conurbação é negativo, se for bem planejado e oferecer infraestrutura adequada aos moradores. No entanto, não basta planejar apenas individualmente, mas regionalmente, pois é preciso que os municípios vizinhos também ofereçam infraestrutura a seus moradores. Um processo mal planejado pelos demais municípios também vai influenciar diretamente no desenvolvimento de Sorocaba. Direito à cidade A qualidade de vida oferecida aos moradores desses locais e a toda a população da cidade também é uma preocupação da professora Rosalina Burgos, doutora em Geografia e docente da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) câmpus Sorocaba. A professora alerta para a tendência de segregação das classes econômicas mais baixas ao direcionar para as áreas periféricas as zonas onde são permitidos lotes menores. "A mancha urbana periféria jpa nasce como escombro porque existem faltas". Essas faltas seriam relativas aos equipamentos que contemplam o direito à cidade, como infraestrutura básica de educação, saúde e mobilidade, mas também a segurança pública, lazer e cultura, como bibliotecas, teatro, espaços públicos e patrimônio histórico. Como exemplo real, Rosalina cita o Residencial Jardim Carandá, no bairro Caguaçu, que deve abrigar cerca de 10 mil pessoas de baixa renda. "Fico imaginando quanto tempo leva para passar um ônibus ali. Onde está a escola, a creche, o posto de saúde? Morar envolve muito mais do que uma unidade habitacional". De forma geral, a professora acrescenta que os números da expansão urbana e coburbação em Sorocaba podem também indicar tendências negativas, como congestionamentos e problemas de mobilidade, violência, falta de recursos hídricos e de energia elétrica e o acirramento das desigualdades. Rosalina argumenta que é preciso oferecer moradia também para quem tem menor poder aquisitivo, mas que seja com qualidade. Ela cita que a região Central possui vazios urbanos que poderiam ser ocupados, pois têm a infraestrutura necessária. Na questão ambiental, ela analisa que é prejudicial incentivar o adensamento urbano tão próximo de áreas de mananciais, pois a ocupação humana interfere no sistema hídrico, como na produção de esgoto e lixo, a impermeabilização do solo que gera alagamentos e a poluição dos corpos d"água. A população também pode sofrer com erosões. A professora complementa que, no contexto capitalista, há interesses de ganhos e que o setor imobiliário é o que mais tensiona as prefeituras. "Existe uma burrice incorporada ao capitalismo que é pensar a curto prazo, que está levando a prejuízos que a sociedade toda paga".
Classificação:	UFSCar
Sub-classificações:	Citações Docentes ou Ex-docentes UFSCar - campus Sorocaba
Palavras-chave:	Expansão; Urbana; Cidades; Condomínios; Conurbação

Sorocaba cresce no limite de outros municípios

Cruzeiro do Sul Sorocaba-SP em 2015-04-06 00:00:00.0 edição 33742