Clipping

Números de colunas:
10 Altura da coluna: 17,8 cm
Páginas:
2
Caderno:
Capa
Seção:
Capa
Texto na íntegra:
Nesse sábado (22) é comemorado o Dia Mundial da Água, estabelecido pela Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1993, para promover a consciência em todo o mundo sobre a importância deste recurso natural para a promoção da vida saudável no planeta. Na mesma data é celebrado o Dia do Rio Sorocaba. 

Estão programadas, em Sorocaba, muitas atividades voltadas, principalmente, para mostrar a importância a preservação do meio ambiente para o cotidiano das pessoas. 

O uso da água de maneira responsável e a preservação de áreas como a da represa de Itupararanga são pontos que têm sido lembrados e discutidos principalmente diante das altas temperaturas registradas no último Verão, que também foi muito seco e cidades da região, como Itu, chegaram a adotar o racionamento de água.

Quando se fala em preservação de áreas como a da represa de Itupararanga, o Plano Diretor não é esquecido. 

Em sua tese de Mestrado pela Ufscar, a deputada federal Iara Bernardi abordou a importância dos planos diretores para a proteção ambiental. Ela que desde quando foi vereadora tem ações voltadas para a preservação do meio ambiente e que acompanhou a criação da Área de Proteção Ambiental (APA) de Itupararanga, divide a opinião com o professor da Ufscar André Cordeiro Alves dos Santos  de que os planos diretores são fundamentais. Para a deputada, é essencial que Sorocaba tenha atitudes ativas quanto à preservação das áreas da Represa de Itupararanga, já que a cidade é abastecida por ela. 

Redução da quantidade e qualidade 

De acordo com o professor, poucas cidades têm um sistema de drenagem urbana que pensa também na infiltração e não só em escoamento. “O modelo de cidade que utiliza as baixadas dos rios para construir vias de acesso, como foi feito em São Paulo e em Sorocaba no passado contribuem para a redução da qualidade e quantidade de água. As regiões de baixada deveriam ficar reservadas como parques lineares e especialmente protegidas, tanto em áreas urbanas quanto em áreas rurais. Mas isso é difícil quando os planos diretores são voltados para facilitar a exploração imobiliária (que supervaloriza as regiões altas e subvaloriza as regiões de baixada). Uma cidade deveria ser planejada em função da manutenção da qualidade de vida da população agora e no futuro e não em garantir áreas para exploração imobiliária como acontece em muitos casos”, afirma. 

Falta de vegetação ciliar 

Quanto à represa de Itupararanga, Santos comenta que a represa tem problemas derivados de poluição difusa (água de chuva que traz nutrientes e areia de solos expostos) e da poluição pontual (esgoto não tratado), principalmente vindos dos rios formadores do reservatório (Sorocamirim, Sorocabuçu e Uma). “A falta de vegetação ciliar é um dos principais problemas tanto para a qualidade de água quanto para a quantidade. No caso da qualidade permitindo que a água de chuva carregue solo diretamente para os rios (poluição difusa) e no caso da vazão, não retendo a água e chuva na bacia, afirma. 

De acordo com o professor, bacias hidrográficas sem vegetação tendem a ter maiores picos de cheias e secas, pois a vegetação quando existe atua como esponja que absorve parte da água que cai e libera de forma lenta para o ambiente. Então a falta de chuva e o calor (que aumenta o consumo de água e também a evaporação) tendem a reduzir a quantidade de água do reservatório. Como parte da poluição é proveniente de esgoto não tratado, que em períodos quentes pode até aumentar pois há mais consumo de água que gera mais esgoto, a falta de água contribui para a redução da qualidade pois o reservatório perde poder de diluição. “Além disso o reservatório tem como principal função a geração de energia, e não a conservação da água para consumo, o que diminui a capacidade de reserva para momentos de estiagem. Tudo que estou falando é em tese pois não tenho dados atuais do reservatório para avaliar qual é a atual situação de redução de vazão e qual o impacto na qualidade, porém é possível afirmar que períodos prolongados de estiagem levam a redução da qualidade e quantidade de água em um ambiente já impactado com a falta de vegetação ciliar e que recebe esgoto não tratado principalmente na cabeceira”, complementa. 

Rios também sofrem 

Ele comenta ainda que os rios vêm sofrendo com os mesmos problemas dos reservatório, lançamento de esgoto, redução de mata ciliar, poluição difusa. A falta de água tende a piorar os problemas já existentes. Há recursos financeiros e conhecimento técnico para resolver a maior parte dos problemas, porém faltam projetos e proprietários interessados em fazer a recuperação das margens dos rios, sendo que muitas vezes os principais impactos vem das prefeituras (com obras próprias ou permitindo a ocupação das margens) e da falta de investimento em tratamento de esgoto e melhoria da drenagem urbana.

Não Há problemas nos mananciais de captação, afirma Saae

m Sorocaba, o Saae não fez e não vai fazer racionamento ou rodízio na distribuição de água, conforme informações da assessoria de Comunicação da autarquia, que tem como diretor-geral o engenheiro Adhemar José Spinelli Júnior.

Segundo informações do Saae, não há problemas nos mananciais de captação (Itupararanga, Ipaneminha e Pirajibu) e nem no volume de água tratada, que são suficientes para atender à demanda da cidade. O problema enfrentado e que está sendo corrigido com obras é na velocidade da distribuição, que não tem sido suficiente para acompanhar a velocidade do consumo em dias de forte calor e de consequente consumo elevado por parte da população.    

Obras concluídas 

Recentemente, no dia 14 de março, o Saae concluiu a implantação dos tubos do novo anel de distribuição de água tratada. “É um novo anel de distribuição de grandes dimensões – 60 centímetros de diâmetro -, que injetará 500 litros de água por segundo a mais no sistema que abastece a Zona Norte da cidade, obra essa que juntamente com o novo sistema de bombeamento que vem sendo implantado na ETA/Cerrado deverá melhorar de forma significativa as atuais condições de abastecimento da zona norte”, explica o diretor-geral da autarquia, engenheiro Adhemar José Spinelli Júnior.    

Ainda nesse mês, o Saae realizou a substituição da segunda das cinco grandes bombas de recalque da Estação de Tratamento de Água “Dr. Armando Pannunzio” (ETA/Cerrado), a principal unidade produtora e distribuidora de água tratada da cidade. De acordo com a direção da autarquia, o objetivo da instalação dos novos equipamentos é a ampliação em 49% da capacidade de bombeamento instalada, possibilitando melhorias no sistema de distribuição de água de Sorocaba. 

Programação especial

Para abrir a programação especial do Dia Mundial da Água e Dia do Rio Sorocaba,  nesse sábado (22) às 9 horas, a Secretaria do Meio Ambiente realizará a tradicional Descida de Barco no rio Sorocaba. Além da participação da Polícia Ambiental, Corpo de Bombeiros, Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Sorocaba, Defesa Civil, Caturros Navegantes e da Prefeitura de Votorantim, neste ano, a descida de barco contará com a parceria do Sesc Sorocaba, que levará um grupo com 40 caiaques para fazer o percurso.

Ao final do percurso, com aproximadamente uma hora de duração, o grupo fará uma visita ao Jardim Botânico "Irmãos Villas-Bôas", inaugurado no sábado (15) 

 para conhecer o novo cartão postal de Sorocaba, um espaço destinado ao lazer, pesquisas acadêmicas, educação ambiental e à preservação do meio ambiente.

Outro destaque da programação será a apresentação e início do processo de revisão do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA) de Itupararanga, que acontecerá no dia 27, das 9 às 11 horas, na Biblioteca Municipal "Jorge Guilherme Senger", no Alto da Boa Vista. O plano será apresentado pela bióloga Sandra Eliza Beu, presidente do Conselho Gestor da APA Itupararanga.

"Esse é o principal instrumento de apoio e suporte ao planejamento ambiental na área de abrangência da APA de Itupararanga", explica Jussara de Lima Carvalho, secretária do Meio Ambiente. A APA de Itupararanga abrange a área geográfica da bacia hidrográfica formadora da represa, compreendida pelos municípios de Alumínio, Cotia, Ibiúna, Mairinque, Piedade, São Roque, Vargem Grande Paulista e Votorantim. Sorocaba é a maior e a principal cidade usuária das águas do manancial localizado nesta área.

Também no dia 27, das 14 às 17 horas, a Secretaria do Meio Ambiente promoverá o Workshop "Gestão de Recursos Hídricos na Microbacia do rio Pirajibu", na Biblioteca Municipal. O objetivo é promover a discussão sobre a gestão dos recursos hídricos e as possibilidades para a microbacia do rio Pirajibu entre universidades, municípios, Comitê da Bacia Hidrográfica do Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT) e a APA de Itupararanga.

"A preservação e recuperação deste manancial representa um ganho direto na qualidade de vida da população de todos estes municípios, por isso a importância dessa discussão", destaca a secretária Jussara.

Em defesa do meio ambiente

Será implantada em Sorocaba, neste ano, a Rede de Atuação Protetiva do Meio Ambiente. Quem estará à frente da rede é a atual promotora de justiça da Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) da cidade de Tietê, Maria Aparecida Castanho. O órgão, ligado ao Ministério Público, terá como função, investigar danos ambientais. “Para atuar, vamos contar com o apoio dos promotores que estão ligados a este interesse regional”, explica ela. 

A rede funciona como um "embrião" do já existente Gaema (Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente), que trabalha nas principais cidades do interior do estado de São Paulo. 

Para o início do trabalho, primeiramente a base da Rede será instalada no município. Após isto, a promotora informa que já há três metas de planos de atuação: a bacia hidrográfica Rio Sorocaba/Médio-Tietê, que abrange várias cidades vizinhas, a represa de Itupararanga, que abastece as cidades de Sorocaba, Votorantim entre outros municípios da região e as Usinas Termelétricas. “São três interesses importantíssimos ligados à água, à questão de um recurso que pode acabar”, enfatiza.

Segundo a promotora, o Ministério Público possui um plano geral de atuação para as redes. “Nele, tem vários interesses que são eleitos como prioritários, como esgotamento e aterro sanitário e poluição de água”.  

Maria conta que, em 2008/2009, na cidade de Tietê, já havia mobilizado a cidade e demais municípios vizinhos como Botucatu, Conchas e Salto, com ações para prevenção de danos ambientais, visando a despoluição do Rio Tietê. “Cheguei a ter reuniões em que o auditório ficou lotado com representantes de bacias do Médio Tietê, Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e do governo do Estado”. A ação foi encerrada na mudança em sua mudança para a atuação no Gaeco. 

Para a época atual, ela informa que a conscientização será altamente trabalhada. “Vamos entrar bastante nesta parte de conscientização. Existe a possibilidade da exploração industrial sustentável”, fomenta. 

Estão inseridas, dentro da rede de atuação, mais de 25 cidades, segundo Maria. Algumas delas são Botucatu, Tapiraí, Salto, Itu, Sorocaba e Votorantim. Ainda não há data para que o órgão comece os trabalhos.
Gênero:
Matéria
Classificação:
Geral
Sub-classificações:
Citações Docentes ou Ex-docentes UFSCar - campus Sorocaba
Autor:
Cida Haddad
Pessoa citada/ entrevistada:
André Cordeiro Alves dos Santos
Palavras-chave:
Plano Diretor; Água; Itupararanga; Meio Ambiente
Plano Diretor é importante para preservação do meio ambiente

Jornal Ipanema Sorocaba-SP em 2014-03-22 00:00:00.0 edição 759
