Clipping

Calíope, a mais importante e poderosa das nove musas, tem seu lugar na mitologia marcado pela eloquência e pela bela voz, assim como um belo rosto. A filha de Júpiter e Mnemósine tinha por missão inspirar os seres humanos a serem criativos na Arte e na Ciência. É retratada com uma coroa de ouro na cabeça.

Calíope Corcovia, 20 anos, a exemplo da musa de mesmo nome, torna-se eloquente ao defender suas ideias de liberdade, igualdade e solidariedade. Deixa até o sorriso de lado e as brincadeiras quando questionada sobre seu gesto de doar cada centímetro de seu longo cabelo para mulheres que nunca conhecerá. Caloura do curso de Pedagogia na Universidade Federal de São Carlos - Ufscar, câmpus Sorocaba, a menina conta que deixou a família em Piraju e mora em Sorocaba numa república com mais 7 amigos. Foram eles que a receberam para o primeiro abraço e o primeiro beijo na cabeça, agora carequinha. Mas por que foi que essas meninas fizeram isso?

O início

Dizem que as ideias estão no Cosmos a levitar e muitas vezes mais de uma pessoa tem a mesma ideia em cantos opostos do planeta ao mesmo tempo. Foi o que aconteceu com a doação realizada na última segunda-feira na área de convivência dos alunos da Ufscar, durante o trote solidário.

Desde sua instalação em Sorocaba, a Ufscar nunca permitiu trotes violentos entre seus estudantes, e foram os próprios alunos que baniram brincadeiras discriminatórias e vexatórias nesse momento tão especial na vida deles. Patrícia Araújo, aluna do último ano do curso, soube da iniciativa de calouras da USP que doaram os cabelos para o projeto Cabelegria, projeto social de São Paulo que recebe doações de cabelos para confecção de perucas destinadas a crianças com câncer. E se desse certo em Sorocaba? Calíope, por seu lado, pensava em marcar a entrada na universidade com um gesto de gentileza. Quando Patrícia jogou a ideia no Facebook, calouras e veteranas foram aparecendo, dispostas a participar. Uma das primeiras a aceitar a proposta foi Calíope, que não se conforma que ainda existam trotes sexistas, que curtia seus cabelos longos, mas que ao passar as mãos sobre os toquinhos de fios que ficaram na cabeça, surpreendeu-se: "Faz barulho, gente. E é gostoso!".

Patrícia, que trabalhou na organização da noite, não conseguiu cortar os cabelos naquele dia. "Foi um sucesso, foram 41 inscritas. Na segunda-feira foram 24 cortes. Quem não conseguiu cortar, estamos agendando para ir até o salão". Na quarta-feira, Patrícia exibia o novo visual no Facebook, um corte moderno e curtíssimo feito pela cabeleireira Henê Lambert. 

Uma corrente do bem formada por fios de cabelos

O Cosmos - ele de novo - conspira a nosso favor quando queremos muito algo, dizem. Eu confesso que não acredito muito nisso, mas a ideia de uma menina virou desejo de outras 40 e era preciso encontrar um meio para que tudo desse certo. Depois de muito bate-papo virtual no grupo de bixos e bixetes (calouros) algumas mudanças de rota foram realizadas. Primeiro, crianças geralmente convivem com o câncer melhor que adultos e raramente usam perucas e apliques. As mulheres tornaram-se alvo da campanha. As doações deveriam beneficiar mulheres da região de Sorocaba que desejam e não têm condições de adquirir os apliques ou perucas. Foi nessa hora que parceiros importantes entraram na dança. Henê Lambert e João Martins, respectivamente do HD Hair Institute e Salão João Martins, que já atuam na Ação Corte Solidário, levaram suas tesouras, pentes, outros acessórios e seu talento para cortar as madeixas.

Henê Lambert não pensou duas vezes na hora de aceitar o compromisso de usar o seu dia de folga para cortar gratuitamente os cabelos das meninas.

"Para o corte final, levamos em conta o formato do rosto, o tamanho que o cabelo ficou e o que a jovem deseja. Algumas querem cortes bem curtos para marcar a entrada na universidade e esse momento de solidariedade", conta Henê.

William Lopes da Silva, diretor da New Visual Hair ficou responsável por toda a parte de tratamento dos fios, confecção de megahair (usado pelas pacientes quando os cabelos recomeçam a nascer, depois da quimioterapia) ou perucas; dependendo do volume, comprimento e qualidade dos fios doados. "Cabelo é muito importante para a mulher. Tem a ver com a feminilidade, a autoestima. É gratificante doar nosso tempo, nosso conhecimento e nosso lucro para uma iniciativa tão louvável como essa, partindo de jovens tão comprometidas com o outro", destaca William.

E finalmente, o Grupo Andanças, que esteve presente com sua alegria e disposição conversando sem rodeios sobre a doença (todas as voluntárias presentes já estiveram ou estão em tratamento) com as meninas e ensinando a usar turbantes e lenços. É o Grupo Andanças também que intermediará a doação, identificando as pacientes que gostariam de usar perucas ou megahair.

"Eu usei muita peruca", conta Aline Souza. "Não me aceitava sem cabelos, faltava alguma coisa, já bastava o câncer" desabafa.

"Com a químio cai até os cílios, você sabe, depois volta a nascer, mas naquele momento, é muito chato", explica Marinha Nilo, que passou por dois transplantes de fígado (o primeiro teve rejeição) e três meses depois sentiu o caroço na mama. "O câncer foi provocado pelos imunossupressores (remédios que inibem a rejeição do corpo do novo órgão) que tomei", conta. Marinha já retirou as duas mamas, passa por tratamento e na próxima segunda-feira vai realizar a segunda etapa da colocação de prótese mamária. Nunca usou perucas mas abusou de lenços e turbantes na fase aguda da químio. Romilda Arruda também do Grupo Andanças, descobriu durante o autoexame o nódulo na mama. "Faz três anos que descobri, não sofri tanto com a queda dos cabelos, sofri mesmo com o resultado dos exames. É claro que ver seu cabelos caindo é ruim, e chega um hora que tem que cortar tudo, usei e abusei de lenços". Durante a doação, o gesto de uma das alunas emocionou-a demais. A menina pediu para tirar uma foto com Romilda e justificou: "eu cortei os meus cabelos pela minha mãe". A mãe da garota teve um câncer agressivo demais e mesmo descoberto no início, não teve cura. Romilda conta que a abraçou sentindo todo o carinho de uma mãe que aplaude o gesto de uma filha.

Fátima Maciel enfatiza que o trabalho do Andanças é mostrar para as mulheres que acabaram de ter o diagnóstico que não é o fim do mundo. "Essa impressão que a gente tem, principalmente no começo, por desconhecimento da doença, dos tratamentos, abalam qualquer um, mas nós fortalecemos a autoestima delas, apoiamos, estimulamos a coragem", exemplifica. "E isso fortalece muito nós mesmas", conclui.

As histórias por trás do gesto

Se Calíope queria que a entrada na universidade tivesse um símbolo que se lembraria para sempre e Patrícia desejava cortar os cabelos e fez disso um gesto de solidariedade, algumas das doadoras tinham uma razão muito particular para o gesto.

"Doei pela minha mãe", orgulha-se Milena Diniz. A estudante do quinto semestre de Biologia (Ufscar) perdeu a mãe há um ano e cinco meses depois de uma luta de três anos. "Começou com câncer de mama detectado bem no início, ela sempre fazia exames. Fez o tratamento, se curou, quando o cabelo já estava crescendo de novo, começou com dores de cabeça. Eram dois tumores, fez cirurgia, tratamento, ela lutou bastante, ficou sem alguns movimentos, prejudicou a fala e a memória". Mas quando estava ficando boa novamente, o câncer foi detectado no fígado. "Mesmo fazendo todo o tratamento de novo, ela estava cansada" conta a menina. Milena Diniz foi a aluna que tanto emocionou Romilda.

As amigas Larissa Tanzi, 20, e Gabriela Siqueira, 21, são terceiranistas da Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens) e foram até a Ufscar exclusivamente para a doação. Larissa, que mora com os pais em São Roque, disse que eles não se assustaram com a decisão. "Eles já estão acostumados, sou ativista de animais, de causas sociais, eles entendem".

No dia seguinte, Larissa e Gabriela exibiam um corte chanel nas redes sociais, diferente dos longos cabelos do dia anterior. Gabriela colecionava elogios e sentenciava: "Valeu a pena. Abençoada por Deus!"

Amanda Fabri Marchetti, 19, caloura de Matemática, grávida de quatro meses, fez questão de cortar mais de 20 cm dos longos e loiros cabelos. "Vim hoje só pra isso. Conversei com meu marido sobre a ação e vim doar".

Mariana Imamura, estudante de Turismo (Ufscar) não conseguiu doar junto com a turma e resolveu cortar em um salão. "Qual não foi minha supresa", conta ela, "ao contar para que era, a Massae (salão Massae), minha cabeleireira, ainda doou mais três mechas bem generosas."

Thyfanni Domingues, 25, caloura de Pedagogia (Ufscar), foi a primeira a passar a máquina. De rosto sorridente, a estudante empolgou a galera que lotou o centro de convivência com sua coragem. "Nunca tive um caso de câncer na família, mas achei muito importante colaborar. Resolvi radicalizar.

Se antes do corte a moça não teve dúvidas, depois o rosto apreensivo denunciava uma preocupação. "É que minha companheira está vindo e eu tenho medo de que ela não ache bonito", confessa com o sentimento tão humano de querer agradar os olhos da pessoa amada. Mas bastou que a namorada aparece no campo de visão que a resposta ficou clara. O amor transcende as aparências.

O outro lado

Os cabelos que ainda ontem enfeitavam o rosto das jovens idealistas e solidárias vão em breve enfeitar mulheres que estão passando ou passarão por quimioterapia durante tratamento contra o câncer e que sentem necessidade (porque nem todas sentem) de terem cabelos a lhes completar a beleza. Posso estar amanhã nesse grupo e você também. Como não se sabe exatamente o que causa a doença, não há maneira 100% segura de evitá-la. Mas existem algumas atitudes que pode ser tomadas para reduzir o risco, como por exemplo, a manutenção do peso, adicionar exercícios à rotina e limitar a ingestão de álcool e cigarro.

Na ciranda da vida, gestos como o das meninas, de empatia e carinho, não devem ficar no esquecimento. Devemos emprestar a eloquência de Calíope, a musa, para que gestos como esse se multipliquem. Porque somos todas fortes, mas neste momento, algumas estão mais fortes que outras, e para que a ciranda continue a girar, hoje algumas de nós seguramos sua mão e emprestamos nossos cabelos.

Parceiros da ação

HD Hair Institute - http://hdhair.com.br

New Visual Hair - www.newvisualhair.com.br

Grupo Andanças - www.facebook.com /gandancas

Números de colunas:	8 Altura da coluna: 23,0 cm
Páginas:	2
Caderno:	Ela
Texto na íntegra:	Calíope, a mais importante e poderosa das nove musas, tem seu lugar na mitologia marcado pela eloquência e pela bela voz, assim como um belo rosto. A filha de Júpiter e Mnemósine tinha por missão inspirar os seres humanos a serem criativos na Arte e na Ciência. É retratada com uma coroa de ouro na cabeça. Calíope Corcovia, 20 anos, a exemplo da musa de mesmo nome, torna-se eloquente ao defender suas ideias de liberdade, igualdade e solidariedade. Deixa até o sorriso de lado e as brincadeiras quando questionada sobre seu gesto de doar cada centímetro de seu longo cabelo para mulheres que nunca conhecerá. Caloura do curso de Pedagogia na Universidade Federal de São Carlos - Ufscar, câmpus Sorocaba, a menina conta que deixou a família em Piraju e mora em Sorocaba numa república com mais 7 amigos. Foram eles que a receberam para o primeiro abraço e o primeiro beijo na cabeça, agora carequinha. Mas por que foi que essas meninas fizeram isso? O início Dizem que as ideias estão no Cosmos a levitar e muitas vezes mais de uma pessoa tem a mesma ideia em cantos opostos do planeta ao mesmo tempo. Foi o que aconteceu com a doação realizada na última segunda-feira na área de convivência dos alunos da Ufscar, durante o trote solidário. Desde sua instalação em Sorocaba, a Ufscar nunca permitiu trotes violentos entre seus estudantes, e foram os próprios alunos que baniram brincadeiras discriminatórias e vexatórias nesse momento tão especial na vida deles. Patrícia Araújo, aluna do último ano do curso, soube da iniciativa de calouras da USP que doaram os cabelos para o projeto Cabelegria, projeto social de São Paulo que recebe doações de cabelos para confecção de perucas destinadas a crianças com câncer. E se desse certo em Sorocaba? Calíope, por seu lado, pensava em marcar a entrada na universidade com um gesto de gentileza. Quando Patrícia jogou a ideia no Facebook, calouras e veteranas foram aparecendo, dispostas a participar. Uma das primeiras a aceitar a proposta foi Calíope, que não se conforma que ainda existam trotes sexistas, que curtia seus cabelos longos, mas que ao passar as mãos sobre os toquinhos de fios que ficaram na cabeça, surpreendeu-se: "Faz barulho, gente. E é gostoso!". Patrícia, que trabalhou na organização da noite, não conseguiu cortar os cabelos naquele dia. "Foi um sucesso, foram 41 inscritas. Na segunda-feira foram 24 cortes. Quem não conseguiu cortar, estamos agendando para ir até o salão". Na quarta-feira, Patrícia exibia o novo visual no Facebook, um corte moderno e curtíssimo feito pela cabeleireira Henê Lambert. Uma corrente do bem formada por fios de cabelos O Cosmos - ele de novo - conspira a nosso favor quando queremos muito algo, dizem. Eu confesso que não acredito muito nisso, mas a ideia de uma menina virou desejo de outras 40 e era preciso encontrar um meio para que tudo desse certo. Depois de muito bate-papo virtual no grupo de bixos e bixetes (calouros) algumas mudanças de rota foram realizadas. Primeiro, crianças geralmente convivem com o câncer melhor que adultos e raramente usam perucas e apliques. As mulheres tornaram-se alvo da campanha. As doações deveriam beneficiar mulheres da região de Sorocaba que desejam e não têm condições de adquirir os apliques ou perucas. Foi nessa hora que parceiros importantes entraram na dança. Henê Lambert e João Martins, respectivamente do HD Hair Institute e Salão João Martins, que já atuam na Ação Corte Solidário, levaram suas tesouras, pentes, outros acessórios e seu talento para cortar as madeixas. Henê Lambert não pensou duas vezes na hora de aceitar o compromisso de usar o seu dia de folga para cortar gratuitamente os cabelos das meninas. "Para o corte final, levamos em conta o formato do rosto, o tamanho que o cabelo ficou e o que a jovem deseja. Algumas querem cortes bem curtos para marcar a entrada na universidade e esse momento de solidariedade", conta Henê. William Lopes da Silva, diretor da New Visual Hair ficou responsável por toda a parte de tratamento dos fios, confecção de megahair (usado pelas pacientes quando os cabelos recomeçam a nascer, depois da quimioterapia) ou perucas; dependendo do volume, comprimento e qualidade dos fios doados. "Cabelo é muito importante para a mulher. Tem a ver com a feminilidade, a autoestima. É gratificante doar nosso tempo, nosso conhecimento e nosso lucro para uma iniciativa tão louvável como essa, partindo de jovens tão comprometidas com o outro", destaca William. E finalmente, o Grupo Andanças, que esteve presente com sua alegria e disposição conversando sem rodeios sobre a doença (todas as voluntárias presentes já estiveram ou estão em tratamento) com as meninas e ensinando a usar turbantes e lenços. É o Grupo Andanças também que intermediará a doação, identificando as pacientes que gostariam de usar perucas ou megahair. "Eu usei muita peruca", conta Aline Souza. "Não me aceitava sem cabelos, faltava alguma coisa, já bastava o câncer" desabafa. "Com a químio cai até os cílios, você sabe, depois volta a nascer, mas naquele momento, é muito chato", explica Marinha Nilo, que passou por dois transplantes de fígado (o primeiro teve rejeição) e três meses depois sentiu o caroço na mama. "O câncer foi provocado pelos imunossupressores (remédios que inibem a rejeição do corpo do novo órgão) que tomei", conta. Marinha já retirou as duas mamas, passa por tratamento e na próxima segunda-feira vai realizar a segunda etapa da colocação de prótese mamária. Nunca usou perucas mas abusou de lenços e turbantes na fase aguda da químio. Romilda Arruda também do Grupo Andanças, descobriu durante o autoexame o nódulo na mama. "Faz três anos que descobri, não sofri tanto com a queda dos cabelos, sofri mesmo com o resultado dos exames. É claro que ver seu cabelos caindo é ruim, e chega um hora que tem que cortar tudo, usei e abusei de lenços". Durante a doação, o gesto de uma das alunas emocionou-a demais. A menina pediu para tirar uma foto com Romilda e justificou: "eu cortei os meus cabelos pela minha mãe". A mãe da garota teve um câncer agressivo demais e mesmo descoberto no início, não teve cura. Romilda conta que a abraçou sentindo todo o carinho de uma mãe que aplaude o gesto de uma filha. Fátima Maciel enfatiza que o trabalho do Andanças é mostrar para as mulheres que acabaram de ter o diagnóstico que não é o fim do mundo. "Essa impressão que a gente tem, principalmente no começo, por desconhecimento da doença, dos tratamentos, abalam qualquer um, mas nós fortalecemos a autoestima delas, apoiamos, estimulamos a coragem", exemplifica. "E isso fortalece muito nós mesmas", conclui. As histórias por trás do gesto Se Calíope queria que a entrada na universidade tivesse um símbolo que se lembraria para sempre e Patrícia desejava cortar os cabelos e fez disso um gesto de solidariedade, algumas das doadoras tinham uma razão muito particular para o gesto. "Doei pela minha mãe", orgulha-se Milena Diniz. A estudante do quinto semestre de Biologia (Ufscar) perdeu a mãe há um ano e cinco meses depois de uma luta de três anos. "Começou com câncer de mama detectado bem no início, ela sempre fazia exames. Fez o tratamento, se curou, quando o cabelo já estava crescendo de novo, começou com dores de cabeça. Eram dois tumores, fez cirurgia, tratamento, ela lutou bastante, ficou sem alguns movimentos, prejudicou a fala e a memória". Mas quando estava ficando boa novamente, o câncer foi detectado no fígado. "Mesmo fazendo todo o tratamento de novo, ela estava cansada" conta a menina. Milena Diniz foi a aluna que tanto emocionou Romilda. As amigas Larissa Tanzi, 20, e Gabriela Siqueira, 21, são terceiranistas da Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens) e foram até a Ufscar exclusivamente para a doação. Larissa, que mora com os pais em São Roque, disse que eles não se assustaram com a decisão. "Eles já estão acostumados, sou ativista de animais, de causas sociais, eles entendem". No dia seguinte, Larissa e Gabriela exibiam um corte chanel nas redes sociais, diferente dos longos cabelos do dia anterior. Gabriela colecionava elogios e sentenciava: "Valeu a pena. Abençoada por Deus!" Amanda Fabri Marchetti, 19, caloura de Matemática, grávida de quatro meses, fez questão de cortar mais de 20 cm dos longos e loiros cabelos. "Vim hoje só pra isso. Conversei com meu marido sobre a ação e vim doar". Mariana Imamura, estudante de Turismo (Ufscar) não conseguiu doar junto com a turma e resolveu cortar em um salão. "Qual não foi minha supresa", conta ela, "ao contar para que era, a Massae (salão Massae), minha cabeleireira, ainda doou mais três mechas bem generosas." Thyfanni Domingues, 25, caloura de Pedagogia (Ufscar), foi a primeira a passar a máquina. De rosto sorridente, a estudante empolgou a galera que lotou o centro de convivência com sua coragem. "Nunca tive um caso de câncer na família, mas achei muito importante colaborar. Resolvi radicalizar. Se antes do corte a moça não teve dúvidas, depois o rosto apreensivo denunciava uma preocupação. "É que minha companheira está vindo e eu tenho medo de que ela não ache bonito", confessa com o sentimento tão humano de querer agradar os olhos da pessoa amada. Mas bastou que a namorada aparece no campo de visão que a resposta ficou clara. O amor transcende as aparências. O outro lado Os cabelos que ainda ontem enfeitavam o rosto das jovens idealistas e solidárias vão em breve enfeitar mulheres que estão passando ou passarão por quimioterapia durante tratamento contra o câncer e que sentem necessidade (porque nem todas sentem) de terem cabelos a lhes completar a beleza. Posso estar amanhã nesse grupo e você também. Como não se sabe exatamente o que causa a doença, não há maneira 100% segura de evitá-la. Mas existem algumas atitudes que pode ser tomadas para reduzir o risco, como por exemplo, a manutenção do peso, adicionar exercícios à rotina e limitar a ingestão de álcool e cigarro. Na ciranda da vida, gestos como o das meninas, de empatia e carinho, não devem ficar no esquecimento. Devemos emprestar a eloquência de Calíope, a musa, para que gestos como esse se multipliquem. Porque somos todas fortes, mas neste momento, algumas estão mais fortes que outras, e para que a ciranda continue a girar, hoje algumas de nós seguramos sua mão e emprestamos nossos cabelos. Parceiros da ação HD Hair Institute - http://hdhair.com.br New Visual Hair - www.newvisualhair.com.br Grupo Andanças - www.facebook.com /gandancas
Gênero:	Matéria
Classificação:	UFSCar
Sub-classificações:	Ações Afirmativas Eventos (Científicos,Culturais, Esportivos) Calourada UFSCar - campus Sorocaba
Autor:	estela.casagrande
Palavras-chave:	Doação;Cabelos;Trote Solidário;Campus Sorocaba da UFSCar

Nossos cabelos em suas cabeças

Estudantes doam madeixas para pacientes em tratamento contra o câncer

Cruzeiro do Sul Sorocaba-SP em 2014-03-14 00:00:00.0 edição 33354