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A8

Caderno:

Cidade

Seção:

Cidade

Texto na íntegra:

O fazendeiro Carlos Leôncio Magalhães, mais conhecido como Nhonhô, foi proprietário de terras em Araraquara e região no começo do século passado. Nascido em 1875, em Araraquara, ele cresceu em meio à atividade mais lucrativa do Oeste paulista, o cultivo de café.

Família

Nhonhô descende de família abastada e envolvida com a política, que chegou a enfrentar a crise inflacionária de 1857, reerguer-se e expandir suas terras pelo Interior paulista.

Seu pai, Carlos Batista de Magalhães, era comerciante e proprietário de lavouras cafeeiras na época em que São Paulo começava a destacar-se economicamente no mercado nacional. O bisavô de Nhonhô, Jesuíno Soares de Arruda, também era fazendeiro e foi um dos fundadores de São Carlos.

Investimentos

Nhonhô sabia da importância do café na economia nacional e, para manter a produção cafeeira em época de crise, investiu também no plantio de algodão, frutas e cana-de-açúcar, garantindo, assim, o capital necessário para manter os negócios.

Seu tino financeiro gerou reconhecimento por parte de fazendeiros e empresários de todo o Estado.

Para ampliar os negócios, ele adquiriu mais terras e aumentou a produtividade das fazendas. Em uma delas, a Cambuí, começou a criar gado e plantar algodão em grande escala, graças à venda de ações da recém-criada Companhia Industrial, Agrícola e Pastoril d’Oeste de São Paulo. Com todos esses investimentos feitos, Nhonhô passou tranquilamente pela crise financeira de 1915, provocada pela Primeira Guerra Mundial.

Mais tarde, em 1924, ele vendeu a Fazenda Cambuí por 20 mil contos de reis, o maior valor pago na história da República.

Cartas a Monteiro Lobato

A Unidade Especial de Informação e Memória (UEIM) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) descobriu duas cartas escritas por Monteiro Lobato ao empresário. Nas missivas, de 1925, o escritor pede apoio financeiro para sua editora, que estava abalada e corria o risco de fechar. No entanto, Nhonhô respondeu negativamente. A editora de Lobato foi à falência, mas, anos depois, o escritor fundou outra e obteve grande sucesso.

No berço da industrialização

A grande quantidade de propriedades de Nhonhô aumentou a demanda de trabalhadores e fê-lo optar por imigrantes. Após a criação da legislação trabalhista no governo Washington Luís, em 1927, ele se tornou o Presidente da Sociedade de Imigração. Essa postura levou o conhecimento científico para o campo, conciliando o capital financeiro com o desenvolvimento da agricultura e possibilitou o início da industrialização brasileira.

Nhonhô também construiu uma usina de açúcar e equipou-a com máquinas trazidas da França. A partir de 1928, os negócios da família, como a Fazenda Itaquerê e a usina, ficaram para o filho dele, Carlos, porque o fazendeiro estava com a saúde debilitada. Nhonhô faleceu em 1931, aos 56 anos.

Gênero:

Matéria

Classificação:

UFSCar

Sub-classificações:

Extensão

Autor:

Paula dos Santos

Palavras-chave:

Nhonhô Magalhães; Monteiro Lobato; Cartas;

Nhonhô Magalhães, desbravador de terras pelo Interior paulista

Fazendeiro e empresário araraquarense cultivou café e incentivou a pecuária e a industrialização

Tribuna Impressa Araraquara-SP em 2011-11-11 00:00:00.0